Morre o guarapuavano Totó, o “artista do couro”

Corpo de Antonio Ferreira Rocha será sepultado neste domingo (12)

12/09/2021 10H59

Morreu na manhã deste domingo (12 de setembro), aos 79 anos, Antonio Ferreira Rocha, um dos artistas do couro mais antigos de Guarapuava, Totó, como ficou conhecido em Guarapuava, conquistou muitos amigos através do seu trabalho, voltado, principalmente, para as lidas do campo, com apetrechos para montaria e rodeios.

O corpo de Totó está sendo velado na Capela Mortuária Umuprev e o sepultamento ocorre hoje, às 17h30, no Cemitério Municipal Central.

HOMENAGEM

O jornalista Mauro Biazi publicou na manhã deste domingo uma homenagem ao Totó, enquanto pessoa e profissional.

“Amigo Totó...que tristeza!

O domingo está lindo. Um sol radiante acaricia a cidade. Porém, em meio a tanta luz ficamos órfãos do brilho do amigo Totó. Hoje, Guarapuava perdeu um de seus mais estimados artistas do couro, amigo faceiro, prosa contida, fala mansa, humor recatado e fino, flocos de neve nos cabelos, mãos calejadas na lida do couro por décadas de sua vida. Assim sendo, linhas, tachinhas, couro, agulhas, martelo, macete, cutelo, cravador, cepo, descansam no dia de hoje, e para sempre.

E não mais veremos sua criatividade em cabresto, boquilha, laço, bornal, sovela, guasca, relho, lombilho, alforje, bocal, aperos, soiteira, barrigueira, cilha, rédea, sela, sovéu, chicote,barbelas, guaiaca, trança, bastos, cincha, rebenque, sobrecincha, mango, passador, soga, corda de couro cru, peiteira, rabo de tatu, tirador...porque nosso seleiro maior partiu martelar couro num cepo distante daqui.

Com a sua arte cravou fundo o nome Totó em Guarapuava e em outros rincões distantes. No ofício de transformar couro e ferro em peças cobiçadas, no trabalho incansável numa modesta selaria -sempre cheia de amigos pro mate e prosa solta- Totó deixa imorredoura saudade na família e nos que admiravam seus dedos estropiados na lida que o consagrou.

Segue com muita luz, amigo Totó! Nós ficamos por aqui, apartados de sua presença física, mas na certeza de que sua alma continua martelando aquele cepo, amaciando couro pra mais uma peça de arte. Estaremos, nas mateadas entre seus amigos, ouvindo seu silêncio que dizia muito, seu riso em compasso com os furos de uma agulha que marcou para sempre seus dedos enrijecidos no ofício de seleiro.
Segue, amigo Totó, na nova caminhada com mais luz que a do sol que brilha na sua despedida neste domingo... agora um domingo triste, sem ruídos de seu soquete sovando couro para uma sela.”

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