Rio Bonito do Iguaçu acolhe encerramento do Ano Jubilar da Esperança e paróquia é elevada a santuário

Fé, resiliência e esperança passam a definir, de modo ainda mais profundo, a identidade desta comunidade

29/12/2025 17H00

Marcada pela maior tragédia de sua história recente, mas sustentada pela fé e pela solidariedade, a cidade de Rio Bonito do Iguaçu foi escolhida pela Diocese de Guarapuava para o encerramento do Ano Jubilar da Esperança, realizado nesse domingo (28 de dezembro de 2025). O momento culminou com a elevação da Paróquia Santo Antônio de Pádua à condição de santuário, passando a ser oficialmente o Santuário Santo Antônio de Pádua – Santuário da Esperança.

Há quase dois meses, o município viveu a dor provocada pela passagem de um tornado de categoria F4, que deixou casas destruídas, famílias desabrigadas, centenas de feridos e sete vítimas fatais. As marcas materiais ainda permanecem visíveis, mas, em meio à devastação, a esperança não foi vencida. Aos poucos, a cidade retoma seu ritmo, amparada pela fé e pela força de uma comunidade que escolheu seguir adiante.

No dia 7 de novembro, momento da tragédia, centenas de pessoas estavam reunidas no interior da Igreja Santo Antônio de Pádua. Para muitos, aquele espaço tornou-se refúgio e sinal concreto de proteção. A igreja se fez abrigo, consolo e vida, fortalecendo ainda mais o vínculo espiritual da comunidade com este lugar.

Foi neste contexto que Rio Bonito do Iguaçu acolheu o encerramento do Ano Jubilar da Esperança. Antes do início da caminhada com os peregrinos, o bispo diocesano Dom Amilton Manoel da Silva destacou o significado daquele momento para toda a Igreja Particular. “Hoje é um dia muito especial. Especial não pelo encerramento do Ano Jubilar, mas pelos frutos deste ano e pela esperança que aprendemos não apenas como conteúdo, mas como experiência”, afirmou. Segundo ele, trata-se da esperança que é o próprio Cristo, “que nos motiva a lutar, a trabalhar por dias melhores na terra, com a certeza de que ela não decepciona”.

Ao recordar a tragédia, Dom Amilton ressaltou a transformação vivida pela cidade. “Essa cidade, que um dia se tornou marco da destruição, imediatamente se tornou marco da reconstrução, da restauração, da superação e da esperança que não decepciona”, disse, reforçando que a presença da Diocese naquele momento era um sinal claro de comunhão: “Toda a Igreja está aqui para dizer: vocês não estão sozinhos. Nós nunca estamos sozinhos”.

Mais de dois mil fiéis, vindos de diversas cidades da Diocese de Guarapuava, participaram da última peregrinação do Ano Santo. Em clima de oração, os peregrinos percorreram as ruas do centro da cidade, com paradas marcadas por momentos de silêncio, fé e uma homenagem especial às vítimas do tornado, unindo memória, solidariedade e esperança.

A peregrinação teve seu ponto culminante em frente à igreja, com a celebração da Santa Missa campal. Durante a homilia, Dom Amilton explicou o sentido da elevação da paróquia à condição de santuário. “Para o encerramento deste Ano Jubilar da Esperança, em alguns lugares os bispos mudaram o local para afirmar uma realidade para sempre. Por isso, nesta Igreja Particular de Guarapuava, nos deslocamos para dizer que aqui, em Rio Bonito do Iguaçu, se um dia ficou marcado de forma tão dolorosa, para sempre será marcado com este espaço”, afirmou.

O bispo destacou ainda que o Santuário da Esperança nasce como sinal permanente para além das fronteiras do município. “Quando a tristeza bater, quando a desesperança tentar afastar as pessoas de Deus e da vida, lembrarão de vocês, lembrarão deste espaço que salvou tantas vidas”, disse, recordando também aqueles que perderam a vida na tragédia. “O nosso peregrinar da esperança é breve. Aqui está um povo que não se deixou abater, mas que segue reconstruindo não apenas casas e estruturas, mas levantando uns aos outros e mostrando que a vida é maior do que a morte”.

Ao concluir, Dom Amilton afirmou que a Diocese deseja continuar aprendendo com o testemunho da comunidade. “Queremos ser consolados por vocês. Cada vez que viermos aqui, levaremos a marca de um povo renovado pela força do Senhor, renovados na fé, na esperança e na caridade”.

Fé, resiliência e esperança passam a definir, de modo ainda mais profundo, a identidade desta comunidade. Um povo ferido, mas não vencido, que segue caminhando sustentado pela certeza proclamada ao longo de todo o Ano Jubilar: a esperança não decepciona.

(Com Jorge Teles)

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